Alunos e professores da Unib, Unisa e Universidade São Marcos se mobilizam em defesa da qualidade de ensino
Fevereiro é o mês de volta às aulas. Mas para estudantes de três tradicionais universidades particulares de São Paulo não é bem assim. Em uma crise que vem desde o fim do ano passado, a Unib (Universidade Ibirapuera), Universidade São Marcos e Unisa (Universidade de Santo Amaro), que, juntas, respondem por cerca de 30 mil alunos, enfrentam greves de professores e protesto de estudantes em decorrência de atrasos nos salários e demissão de docentes.
Tanto na Unib quanto na São Marcos o epicentro da crise é o atraso de salários; já na Unisa o que gera protesto é a demissão de professores. Para a presidente da UNE, Lúcia Stumpf, a falta de transparência faz das mantenedoras de ensino autênticas caixas-pretas. Ela ressalta ainda a questão da saturação das faculdades privadas no País, como estopim da crise.
Unib
Segundo o Sindicato dos Professores de São Paulo (SINPRO-SP), há três anos, sob o argumento de dificuldades financeiras, a Unib apresentou um novo plano de carreira para rebaixar salários e demitiu professores. Em julho do ano passado, a Universidade foi levada à Delegacia Regional do Trabalho para explicar por que seus professores ficaram sem receber suas férias.
O Sindicato afirma que a Unib ainda não pagou os salários de novembro e o 13º. A entidade informa que a Universidade se comprometeu a pagar os vencimentos atrasados até o dia 22/12, mas a promessa não foi cumprida.
Para o Sindicato, a crise da Universidade é de gestão e seus efeitos são sentidos por toda a comunidade.
São Marcos
A Universidade São Marcos alega que as dificuldades se devem à crise econômica, com um aumento de 50% na inadimplência e trancamentos de matrículas.
Unisa
Estudantes do curso de Medicina da Unisa estão em greve desde o dia 12 de janeiro em protesto contra a demissão de professores. Cursos como Pediatria, Mastologia, Urologia, Cirurgia Vascular e Cirurgia Geral foram extintos ou tiveram seus docentes responsáveis afastados, sem substituição por profissionais de igual ou maior formação.
De acordo com os alunos, a medida compromete não só a qualidade de ensino dos 480 alunos e residentes, como também afeta a prestação de serviços à comunidade do entorno da Universidade. Segundo o Centro Acadêmico de Medicina, a Reitoria alega que a demissão em massa dos professores seria o resultado de um quadro de reorientação das finanças da faculdade e que muitos seriam substituídos prontamente, o que, segundo os estudantes, não aconteceu até o momento.
Particulares cresceram sem controle
De 2002 a 2005, cresceu 35% o número de instituições, 42% o de professores e 56% o de cursos de ensino superior privado. As matrículas gerais cresceram 28%. O descompasso indica o rumo da expansão do setor e é apontado como o principal fator para a crise.
Números
» 73% das matrículas do ensino superior do País estão em instituições privadas
» 4,5 milhões de universitários cursam instituições particulares
» 42% foi o aumento do número de matrículas de 2002 a 2005 em faculdades, modelo mais barato de manter do que universidades
» 70,6% mais matrículas foram verificadas no período, em centros universitários, também mais baratos que universidades
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário